Fotografia de Raul Krebs
Recordo-me que assisti pela primeira vez à comédia musical Tangos & Tragédias, que fazia em parceria com Hique Gomez, na praia de Capão da Canoa. Eu ainda era criança, e em esquetes eles apresentavam o mundo fictício da “Sbórnia” e seus personagens: Kraunus Sang e Maestro Plestkaya. Nunca tinha visto nada parecido. E cantavam: “Ana Cristina eu não gosto de você, tô amando loucamente a tua mãe”. Será que meu futuro namorado pensaria assim também? E ali todos os efeitos da arte nas sensações da menina que, depois adulta, assistindo ao mesmo espetáculo que teve vinte e oito temporadas, esta última incompleta, teria a mesma impressão, de que nada era perecível, pois sempre estreia. O Tangos & Tragédias tinha também uma versão em espanhol que foi apresentada na Argentina, Equador, Colômbia e Espanha. Em Portugal, foi eleito pelo público no Festival Internacional de Teatro de Almada, em 2003, como o melhor espetáculo; e de honra em 2004.
Fiz o caminho inverso, conheci depois o trabalho anterior do Nico, Saracura, uma das bandas gaúchas de maior relevância de todos os tempos, inaugurada nos anos setenta.
Mais atual e caminhando junto ao projeto do Tangos & Tragédias, seus álbuns solo, as entrevistas, os shows, o espetáculo Música de camelô: universo de artista plural que respondia com surpresas à plateia ávida pelo inusitado.
E assim, Nico partiu em voo da mesma cidade em que nasceu: Porto Alegre. Capital espelho desse artista: em suas ruas uma certa melancolia feliz; ironia sutil e inteligente em seus passeios; meio preto e branco, outro tanto a cores, mas com nuances sem uso de papel celofane, tal e qual o Theatro São Pedro, tantas vezes palco dele mesmo e seu último. Uma timidez de quem não precisava mostrar para aparecer, das ruelas do Parcão à Redenção, dos recantos da Rua da Praia aos cantos do Bomfim, aqueles, os irreverentes ao ponto certo. Luz própria de quem assistia ao sol laranja-vermelho se deitar sobre o Rio Guaíba, momento em perspectiva de quem era e sempre será: porto, cais e quebradouro. Reflexo e imensidão do Porto até todos os Alegres, nós, a quem a sua arte fez despretensiosamente mais Felizes.
Crônica
publicada também nos jornais:
Jornal do
Comércio – Porto Alegre / NH – Novo Hamburgo
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Grande perda, mas deixou de presente uma herança belíssima.Adorei a crônica.Bjs Eloah
ResponderExcluirUma grande perda pra P.Alegre e ele partiu de repente e muito cedo! bjs,chica
ResponderExcluirUma bela homenagem. Só pra variar, excelente crônica! rs
ResponderExcluirBeijos,
Linda homenagem querida Ana Cecilia!
ResponderExcluirLinda sua crônica, um beijinho no coração.
Que este céu lindo por ti fotografado o receba.
ResponderExcluirMerecida homenagem.
Boa noite Ana Cecilia.. neste plano passam tantas pessoas boas a deixarem coisas para desfrutarmos.. e nós temos de deixar as nossas tb..
ResponderExcluiras riquezas construidas não morrem jamais.. tudo é do sempre.. bjs de boa noite amiga querida
Boa noite Ana.. eu que agradeço sempre tuas visitas.. e não pense que esqueci.. assim como as demais amigas teu soneto já esta na minha lista.. farei a vc se me der permissão e se puder me passar um pouco dos teus gostos mande-me por email ok
ResponderExcluirlapidandoversos@gmail.com
bjs e uma linda noite
até sempre
Samuel, claro que sim!
ExcluirAdoraria um soneto de tua autoria dedicado a mim. Você sabe que aprecio muito tua Poesia.
Poemas são os melhores presentes que posso receber.
Beijos!
Breve pausa.
ResponderExcluirNo retorno, desmodero os próximos comentários e faço as visitas.
Abraço imenso!
Oi Ana Cecília, querida e cara amiga.
ResponderExcluirO sol postou-se em tristeza momentânea para sua foto belíssima.
É a natureza abrindo-se em palco a fim de anunciar que os céus acolheram de braços abertos o artista que representou tão bem as multifaces da vida, com todas as nuances de cores e com toda a sabedoria que respeita os sentimentos tristes, mas que realça a necessidade da alegria.
A vida, portanto, deverá ter o agradecer permanente, pois é este efervescer que nos torna humanos sábios.
Sua postagem está linda, com a crônica interpretando todo esse sentimento, com seu olhar para Porto Alegre em vídeo que nos cria desejo de estar aí.
Sua homenagem ao Nico Nicolaiewsky não poderia ser melhor, pois sentimos a ternura na sua escrita, na foto e no vídeo que o enaltecem com todos os méritos.
É também com esse sentimento que deixo a você meu grande abraço.
Até mais, com sua sempre aguardada postagem!
E a estrela de Nico Nicolaiewsky fica para sempre brilhando através de sua linda crônica.
ResponderExcluirLindíssima e inspiradora é a sua foto, Cissa. As canções dos vídeos e as imagens de Porto Alegre no primeiro maravilhosos. Porto Alegre é linda.
Amei.
Beijos.
as palavras são também isto que aqui nos deixas: a essência maior dos sentires.
ResponderExcluirnão conhecia o autor e a obra, mas é impossível descrer de alguém que se fez "porto, cais e quebradouro" - são estes os secretos silêncios que só pela escrita podemos tocar.
um beijinho!
Eu lembro de ter visto "Tangos & Tragédias" pela primeira vez em um programa do Jô Soares e eu achei divertidíssimo eles falarem da Sbórnia - e a dupla sempre muito bem humorada, morria de rir. Inclusive em um dos discos da banda mineira Pato Fu há a participação de Kraunus Sang e Maestro Plestkaya em algumas faixas. ( acho que é o álbum "Tem, mas acabou", produzido pelo músico André Abujamra, outro criativo. Bons tempos aqueles do pop nacional onde havia humor inteligente de fato e criatividade de sobra!)
ResponderExcluirUma bela homenagem, Cissa. E a sua foto está linda!
Bjs!
Ana, não conhecia, mas por meio de seu texto percebo que era um grande homem! Se foi cedo... :/
ResponderExcluirNão sei pq, mas as imagens postadas não abriram pra mim. Será problema no meu computador???
Saudades... tentando voltar! bjks :*
Feliz com teu retorno, senhora Depp!
ExcluirAna,que maravilhosa e merecida homenagem! Gostei demais de sua cronica! bjs,
ResponderExcluirUma homenagem linda, essa que você faz a ele aqui, Ana. Digna de sua importância aqui na terra. Um grande beijo no seu coração.
ResponderExcluirMinha querida
ResponderExcluirUma linda homenagem como sempre muito bem escrita. Não conhecia o homenageado.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Olá, Cissa! Vou retornando e você se ausentando. Quando li sobre a morte dele relembrei sua brilhante trajetória, seu inesquecível trabalho, e lamentei sua eterna ausência. Sua homenagem ficou muito bela, assim como a foto, que mostra as cores mágicas de uma despedida que se sabe não ser definitiva. Grande beijo.
ResponderExcluirOlá Cissa,
ResponderExcluirLinda homenagem a este grande artista. Com sua partida, fica marcado o fim de um ciclo histórico do teatro gaúcho.
Belíssima a crônica. Parabéns!
A imagem que encabeça a postagem é um show. Uma captura de mestra em fotografia.
Também lindas as imagens da bela Porto Alegre, que compõem o primeiro vídeo.
Ótimo restinho de domingo e excelente semana.
Beijo.
OI ANA
ResponderExcluirNão conhecia mais bela homenagem a esse artista. Parabéns." Somente leve para o amanhã o que lhe fez bem hoje. Não crie raízes nas coisas que não precisam ser eternas." Uma feliz semana.
Com carinho
Ana
Olá, Ana.
ResponderExcluirLinda homenagem a este grande artista que conseguiu algo bastante relevante para um país como o nosso (onde Educação é quase um luxo), que é criar um espetáculo unindo humor e crítica social e fazer com que ele ficasse em cartaz por muitos anos.
Fiquei sabendo sobre a peça Tangos e Tragédias em 1989, quando um colega meu da ETFPel me mostrou um folheto com as letras das músicas, mas infelizmente, nunca pude ver o espetáculo (e também nunca fui ao teatro).
Um jogo de palavras que nunca esqueci é o das "explosivas sucessões e sucessivas explosões", sobre a origem da Sbornia.
Uma grande perda, mas felizmente, sua obra perdurará e inspirará outros a seguirem o mesmo caminho de humor e inteligência de Nico.
Abraço e obrigado pela visita, Ana.
deixei um pedaço do coração em PoA que sempre me acena e a partida do Nico não é diferente. um lenço branco dançou ao vento o velho fado e meu coração ouviu a tristeza da Sbornia existir.
ResponderExcluirbaita crônica, lindeza de guria! Nico deve ter dito isso e eu concordo
Bj grande
Conheci o trabalho dele.
ResponderExcluirUma grande perda...
texto arrasador.
Beijos
Olá!Cissa, Uma belíssima crônica e homenagem à Nico-Nicolaiewsky...como dito, a alegria está de luto...apesar de não o ter acompanhado muito e não me lembro bem, se foi em 2010 ou 2O11, assisti , sim, Tangos e tragédias, lirismo e poesia inimagináveis ,de “Ai Se Eu Te Pego” à trilha sonora dos Pokemons ... em tudo ví algo acima do comum e a fluência dos sentimentos verdadeiros expressados e os mais básicos dos anseios humanos...música, humor , criatividade e humanidade...
ResponderExcluirQue Deus o tenha!
Obrigado pelo carinho, boa noite, belo dia,Beijos!